Nino
"Os estalos dos ossos de Nino eram ouvidos à distância, como se estivessem sendo retorcidos e remodelados. A pele se esticava violentamente e se rasgava, porém, ao invés de sangue, camadas de um pelo negro surgiam. Garras afiadas cresceram rapidamente, substituindo as unhas, e o rosto agonizante e assustado do meu filho foi deformado até assumir um focinho lupino e selvagem. Os olhos tornaram-se vermelhos, mas havia algo de inesperado. Nino chamou pela sua mãe! Permanecia o mesmo garoto doce e inocente por baixo daquela carcaça monstruosa."
Trecho do conto NINO, por Fernando Couto de Magalhães
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O cemitério de Mirimbá
Cidade de Mirimbá, 12 de abril de 1872. Uma carta é enviada ao colecionador de arte, Agenor Ferreira. O conteúdo revela horrores ocultos e mistérios sinistros envolvendo um enigmático quadro impressionista que retrata o belíssimo Cemitério de Mirimbá. À medida que a carta avança, segredos macabros e forças sombrias são despertados, ameaçando a sanidade e vida do leitor. O belo se transforma em horror e a arte se torna um portal para o desconhecido.
Nino
Caro leitor, peço que leia esta história. Insisto! Numa remota fazenda em São Fernando do Pinhal, vivia uma belíssima violinista, Isabela. Segundo o folclore local, enquanto tocava o seu instrumento de sua varanda, um par de olhos vermelhos a observava com interesse da escuridão da plantação de eucalipto. De boca em boca, as pessoas contam a história de Nino. Alguns o chamam de fera, outros de lobisomem, outros de filho e irmão.
Jacarandá
"Os ossos jaziam pacificamente dentro da cova e o crânio, com os seus olhos vazios e obscuros, encaravam a sua descobridora. Sobre os tecidos bem preservados que cobriam os restos mortais, estava a tábua esculpida. Não tinha mais que quarenta centímetros de altura, trinta de largura e uma grossura de oito. Era belíssima! Inúmeras formas, ilustrações minúsculas e detalhadas, grafismos, pareciam contar uma história longa e complexa. Uma narrativa cósmica de toda a existência de um povo."
Trecho do conto JACARANDÁ, por Fernando Couto de Magalhães