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Marcha do Progresso - A evolução humana completamente equivocada

Atualizado: 21 de jun. de 2023

Sempre que pensamos em evolução humana é comum imaginarmos a icônica ilustração popularmente conhecida como a Marcha do Progresso. A popularidade da imagem fez com que ela se tornasse um ícone da cultura pop através de sátiras, estampas de camisetas, artes publicitárias, entre outras possibilidades. Mas por que ela é equivocada? Como podemos representar a evolução humana de forma mais acurada?


Marcha do progresso

Fonte: 123freevectors.com


O uso exacerbado da ilustração contribuiu para a criação de uma noção equivocada a respeito da evolução humana, ostentando a ideia de que a evolução é um progresso linear. Cada novo membro da espécie à direita acaba sendo compreendido como uma versão melhor da anterior, até alcançar o seu auge com o Homo sapiens. Outro conceito incorreto está na ideia de que o membro da esquerda é um descendente direto daquele à sua frente. Demonstrando preocupação sobre o entendimento de sua obra, o próprio autor da ilustração publicou em seu livro Wonderful Life em 1989 que a vida não é uma escada previsível para progresso.


Considerado um dos maiores paleoartistas do século XX, Rudolph Zallinger é conhecido por seus grandes painéis e pinturas representando a vida pré-histórica. Dois dos seus trabalhos mais distintos incluem o grande mural do Museu Peabody de História natural da Universidade de Yale, The Age of Reptiles, e o Road to Homo Sapiens, publicado originalmente na revista Early Man em 1965.


Apesar dos seis representantes que compõem a denominada marcha do progresso em sua versão simplificada, a ilustração original conta com quinze estágios representando respectivamente os pliopithecus, proconsul, dryopithecus, oreopithecus, ramapithecus, A. Africanus, A. Robustus, Advanced Australopithecus, Homo Erectus, Early Homo Sapiens, Solo Man, Rhodesian Man, Neanderthal Man, Cro-magnon Man e Modern Man (Homo sapiens moderno).


Figura 2: Ilustração original de Rudolph Zallinger

Fonte: Washington University ProSPER


Figura 3: Versão estendida da ilustração de Zallinger

Fonte: Washington University ProSPER


Apesar de equivocada, não é necessário retirar o prestígio da imagem. A marcha do progresso contribuiu para o firmamento da teoria da evolução na cultura pop por décadas. O conceito, que antes estava presente apenas nos laboratórios e universidades, foi popularizado e exportado na forma de uma simpática ilustração. No entanto, a pergunta que permanece é: qual é o modelo correto que representa a evolução humana?


É quase impossível representar a complexidade dos estágios da evolução humana com a acurácia perfeita. Contudo, muitos modelos são criados e revisados com frequência. Também é um consenso entre os estudiosos da área que a evolução humana não é linear, mas sim um arbusto que se ramifica em seus mais diversos galhos.


A ilustração a seguir, apesar de não parecer didática e simpática aos olhos quanto a marcha do progresso de Zallinger, representa a evolução humana de forma mais aproximada à realidade estudada. Por tudo que se sabe hoje, o seu ponto de partida está há sete milhões de anos com o Sahelanthropus tchadensis, o descendente humano mais próximo da separação da linhagem dos humanos com os chimpanzés. As barras de cor laranja ilustram o tempo no qual a espécie apontada sobreviveu antes de encontrar a sua extinção. Logo, a fins práticos de exemplo, pode-se observar que o Homo erectus foi a espécie humana de maior longevidade, atravessando quase dois milhões de anos.



Figura 4: Árvore da evolução humana publicada por Steven Novella

Fonte: NEUROLOGICAblog (2011)


Os modelos que representam a evolução humana são diversos e podem apresentar informações antagônicas quanto à ancestralidade de algumas das espécies. A complexidade dos estudos fósseis permite apenas, até o momento, desenvolver aproximações e especulações da história humana. No entanto, é através destes estudos que se preenche lentamente cada lacuna dos mistérios da evolução humana.


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